O enganador enganado

 Lições da Bíblia1

3. Leia Gênesis 29:1-30. Como Labão enganou Jacó? Por que Deus permitiu isso? Que lições Jacó aprendeu com essa experiência?

Gênesis 29:1-30 (ARA)2: “1 Pôs-se Jacó a caminho e se foi à terra do povo do Oriente. 2 Olhou, e eis um poço no campo e três rebanhos de ovelhas deitados junto dele; porque daquele poço davam de beber aos rebanhos; e havia grande pedra que tapava a boca do poço. 3 Ajuntavam-se ali todos os rebanhos, os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a colocá-la no seu devido lugar. 4 Perguntou-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? Responderam: Somos de Harã. 5 Perguntou-lhes: Conheceis a Labão, filho de Naor? Responderam: Conhecemos. 6 Ele está bom? Perguntou ainda Jacó. Responderam: Está bom. Raquel, sua filha, vem vindo aí com as ovelhas. 7 Então, lhes disse: É ainda pleno dia, não é tempo de se recolherem os rebanhos; dai de beber às ovelhas e ide apascentá-las. 8 Não o podemos, responderam eles, enquanto não se ajuntarem todos os rebanhos, e seja removida a pedra da boca do poço, e lhes demos de beber. 9 Falava-lhes ainda, quando chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porque era pastora. 10 Tendo visto Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, chegou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu de beber ao rebanho de Labão, irmão de sua mãe. 11 Feito isso, Jacó beijou a Raquel e, erguendo a voz, chorou. 12 Então, contou Jacó a Raquel que ele era parente de seu pai, pois era filho de Rebeca; ela correu e o comunicou a seu pai. 13 Tendo Labão ouvido as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, beijou-o e o levou para casa. E contou Jacó a Labão os acontecimentos de sua viagem. 14 Disse-lhe Labão: De fato, és meu osso e minha carne. E Jacó, pelo espaço de um mês, permaneceu com ele. 15 Depois, disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário? 16 Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. 17 Lia tinha os olhos baços, porém Raquel era formosa de porte e de semblante. 18 Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. 19 Respondeu Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois, comigo. 20 Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. 21 Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela. 22 Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar e deu um banquete. 23 À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E coabitaram. 24 (Para serva de Lia, sua filha, deu Labão Zilpa, sua serva.) 25 Ao amanhecer, viu que era Lia. Por isso, disse Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi eu por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? 26 Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita. 27 Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás. 28 Concordou Jacó, e se passou a semana desta; então, Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. 29 (Para serva de Raquel, sua filha, deu Labão a sua serva Bila.) 30 E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.”

A primeira coisa que Jacó viu ao chegar ao seu destino foi uma pedra, talvez uma alusão à pedra de Betel, cujo significado era a presença divina (Gn 28:18, 19). Afinal, foi essa pedra que deu a Jacó a oportunidade de interagir com Raquel. Quando ouviu dos pastores que Raquel estava vindo com suas ovelhas para dar água ao rebanho, exortou que rolassem a pedra. Eles não o fizeram, o que deu a Jacó a oportunidade de fazer isso ele mesmo e de se apresentar a Raquel (Gn 29:11).

A reação dela foi correr até sua família. Esse primeiro contato entre Jacó e Raquel foi produtivo: “Jacó amava Raquel” (Gn 29:18), tanto que os sete anos que trabalhou para Labão em troca dela foram como “poucos dias” (Gn 29:20).

Contudo, após esses sete anos, Jacó foi enganado. Na noite do casamento, ele encontrou Lia em sua cama, a irmã mais velha, e não Raquel. Tirando vantagem da confusão da festa e da intensa emoção e vulnerabilidade de Jacó, Labão executou esse plano. Curiosamente, Jacó usou a mesma raiz da palavra “enganar” (Gn 29:25) que Isaque havia usado para caracterizar o comportamento de Jacó para com o próprio pai e para com seu irmão (Gn 27:35).

O mesmo pensamento está implícito na lex talionis (“lei da retaliação”), “olho por olho, dente por dente” (Êx 21:24; Gn 9:6), que forçava o culpado a se identificar com sua vítima no sentido de que ele sofresse o que a vítima tivesse sofrido. Portanto, o que Jacó tinha feito a outra pessoa, fizeram a ele.

Jacó então entendeu o que era ser enganado. Ironicamente, Deus ensinou Jacó sobre seu próprio engano por meio do engano de Labão. Embora, como “enganador” (Gn 27:12, ARC), Jacó soubesse bem o que significava isso, ele se surpreendeu quando foi vítima. Assim, perguntou: “Por que […] o senhor me enganou?” (Gn 29:25), o que mostra que ele sabia que enganar era errado.

Embora Jacó fosse enganador, ele mesmo foi enganado. Como confiar em Deus quando não vemos “justiça”, quando pessoas que praticam o mal se livram das consequências e quando os inocentes sofrem?

Terça-feira, 24 de maio de 2022. Saiba mais, faça gratuitamente um Curso Bíblico

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1 LIÇÃO da Escola Sabatina. Gênesis. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, n. 508, abr. maio jun. 2022. Adulto, Professor. 
2 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

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