O dilúvio
Lições da Bíblia1
O verbo ‘asah, “fazer”, que se refere às ações de Noé, também é uma palavra-chave no relato da criação em Gênesis (Gn 1:7, 16, 25, 26, 31; 2:2). Os atos de obediência de Noé a Deus são como os atos divinos de criação. O que podemos deduzir dessa ligação é que o dilúvio não tem a ver apenas com o juízo divino sobre a humanidade, mas também com a salvação que Deus nos oferece.
2. Leia Gênesis 7. Por que a descrição do dilúvio lembra o relato da criação? Que lições aprendemos com os paralelos entre esses dois eventos?
Gênesis 7 (ARA)2: 1 Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração. 2 De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea. 3 Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra. 4 Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz. 5 E tudo fez Noé, segundo o Senhor lhe ordenara. 6 Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra. 7 Por causa das águas do dilúvio, entrou Noé na arca, ele com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. 8 Dos animais limpos, e dos animais imundos, e das aves, e de todo réptil sobre a terra, 9 entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara. 10 E aconteceu que, depois de sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. 11 No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, 12 e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. 13 Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos; 14 eles, e todos os animais segundo as suas espécies, todo gado segundo as suas espécies, todos os répteis que rastejam sobre a terra segundo as suas espécies, todas as aves segundo as suas espécies, todos os pássaros e tudo o que tem asa. 15 De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; 16 eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o Senhor fechou a porta após ele. 17 Durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra; cresceram as águas e levantaram a arca de sobre a terra. 18 Predominaram as águas e cresceram sobremodo na terra; a arca, porém, vogava sobre as águas. 19 Prevaleceram as águas excessivamente sobre a terra e cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu. 20 Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos. 21 Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem. 22 Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. 23 Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca. 24 E as águas durante cento e cinquenta dias predominaram sobre a terra.”
Uma leitura atenta do texto sobre o dilúvio revela o uso de muitas palavras e expressões comuns à história da criação: “sete” (Gn 7:2, 3, 4, 10; compare com 2:1-3); “macho e fêmea” (Gn 7:2, 3, 9, 16; compare com Gn 1:27); “Segundo as suas espécies” (Gn 7:14; compare com Gn 1:11, 12, 21, 24, 25); “animais”, “aves”, “animal que rasteja” (ver Gn 7:8, 14, 21, 23; compare com 1:24, 25); e “fôlego de vida” (Gn 7:15, 22; compare com 2:7).
Esses ecos dos relatos da criação ajudam a revelar que o Deus que cria é igual ao Deus que destrói (Dt 32:39), mas também transmitem a mensagem de esperança: o dilúvio foi projetado para ser uma nova criação, a partir das águas, que leva a uma nova existência.
O movimento das águas mostra que esse evento criativo na verdade reverte o ato criativo de Gênesis 1. Em contraste com Gênesis 1, que descreve a separação das águas acima e das águas debaixo do firmamento (Gn 1:7), o dilúvio envolve sua reunificação à medida que se rompem além de suas fronteiras (Gn 7:11).
Esse processo carrega uma mensagem paradoxal: Deus teve que destruir o que havia antes para permitir uma nova criação depois. A criação da nova Terra exigiu a destruição da antiga. O evento do dilúvio prefigura a salvação futura do mundo no fim dos tempos: “Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1; compare com Is 65:17 [“Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas.”]).
O que em nós precisa ser destruído para então ser recriado? (Veja Rm 6:1-6 [“1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? 2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? 3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? 4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, 6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;”]).
Segunda-feira, 18 de abril de 2022. Saiba mais, faça gratuitamente um Curso Bíblico.
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1 LIÇÃO da Escola Sabatina. Gênesis. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, n. 508, abr. maio jun. 2022. Adulto, Professor.
2 BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
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